Entrevista: O V DA QUESTÃO

Entrevista: O V DA QUESTÃO

Falar sobre a anatomia da vagina sempre foi um tabu, mas uma nova geração de tratamentos ultramodernos vem colocando o assunto na pauta do dia.

Você olha a sua vagina no espelho? A maioria das mulheres não. Mas isso já está mudando – afinal, essa é uma área do nosso corpo que se transforma muito rápido. Perto dos 35 anos, quando caem os níveis de estrogênio e glicogênio, a pele da vagina pode mudar mais rápido que a do seu rosto. E é aí que começa uma lista de inconvenientes funcionais e estéticos: flacidez, rugas, alteração de pH e escapadinhas de xixi, que quase ninguém comenta – mas quem faz esportes de impacto sabe bem como é. A boa notícia é que nos últimos cinco anos os tratamentos para tais queixas ficaram mais refinados, modernos e indolores. E num mundo em que a expectativa de vida tende a ser cada vez mais longa, em nome da sua autoestima e de uma atividade sexual saudável, por que não usar a tecnologia a favor?

Os números provam que o assunto é quente: nesse período, houve um crescimento mundial de 20% na procura pela labioplastia, operação que reduz os pequenos lábios. O Brasil está na pole-position de cirurgias íntimas, com 16 mil procedimentos realizados em 2016, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. “As mulheres estão vivendo mais e melhor sua sexualidade, e isso é muito importante”, diz a dermatologista Larissa Hanauer, da Clínica Adriana Vilarinho, em São Paulo.

Também há maior aceitação dos novos tratamentos. Mas é responsabilidade básica de cada uma entrar numa sala de procedimentos com exames ginecológicos em dia. “Se houver infecções na região, os protocolos são contraindicados”, alerta o dermatologista focado em sexualidade feminina Luiz Perez. Ele inaugura este mês, na Vila Madalena, em São Paulo, o Espaço Mira, que oferecerá diferentes tipos de tratamento relacionados à vagina e acompanhamento fisioterapêutico especializado em assoalho pélvico. “O objetivo é a busca pela plenitude e pela qualidade da vida sexual da mulher. Os protocolos englobam a parte clínica, cirúrgica, dermatológica e psicológica”, explica Perez. Um andar inteiro da clínica vai ser dedicado a receber palestras, workshops e exposições sobre o assunto. “Quero incentivar o autoconhecimento e também dar voz para as mulheres debaterem sua sexualidade”, diz.

A dermatologista Shirlei Borelli, de São Paulo, conta que as queixas mais frequentes das suas pacientes são relacionadas aos desconfortos em função de flacidez na área. O princípio básico dos procedimentos de rejuvenescimento é a aplicação de lasers ou radiofrequência. O tratamento é feito por meio de uma ponteira que libera energia para esquentar o tecido conectivo da região. O objetivo é provocar uma queimadura controlada que, no processo de cicatrização, vai estimular a produção de elastina e de colágeno e reestruturar o tecido interno da vagina e o da vulva.

Os lasers usados para esse propósito são os fracionados ablativos (de CO₂, mais profundos e desconfortáveis) e não ablativos (Erbium Yag, indolores). Ambos têm como pontos positivos a melhora da flacidez e do fluxosanguíneo, que aumenta a lubrificação natural, importante para tornar a relação sexual mais prazerosa. “Devido ao aumento da vascularização, o clitóris ganha volume e fica até mais sensível ao toque”, diz a ginecologista Renata Zambon Khatib Guidoni, de São Paulo. Contudo, ela frisa que os tratamentos estéticos, ainda que promovam melhora sexual, não influenciam na libido. Os lasers também podem ajudar na incontinência urinária leve e por esforço, causada por partos ou problemas hormonais na menopausa. A quantidade de sessões varia de acordo com cada mulher, mas a média é de três, com intervalos de quatro a seis semanas. Os resultados são percebidos logo após a segunda sessão, e os procedimentos devem ser repetidos depois de um ano.

“Para questões estéticas como diminuição de rugas nos grandes lábios, frouxidão muscular e flacidez da vulva, são campeãs as terapias de radiofrequência não ablativas”, explica a dermatologista Thais Pepe, de São Paulo. Nesse caso, os lasers mais incensados são o Exilis, o Spectra e o ThermiVa – esse último, o mais moderno dos três, promete lift imediato e é indolor. A ação da energia na pele evolui em 21 dias, média de intervalo entre as três sessões.

Um outro indicador de que o interesse pelo assunto só cresce mundo afora é o recente lançamento de uma marca de skincare de luxo para cuidados especiais da vagina. A escandinava The Perfect V parou a internet no mês passado ao anunciar uma linha de cremes, séruns e até um “VVcream” criada para iluminar, hidratar, firmar, esfoliar, limpar e tonificar a região.

Chris Mello: O V da questão (Foto: Molly Cranna)
*preço pesquisado com o fabricante

LEIA TAMBÉM: O que trata a Cosmetoginecologia?

 

FICOU COM DÚVIDAS? ENTRE EM CONTATO

    Nome (obrigatório):

    Seu e-mail

    Assunto

    Digite a mensagem

    WhatsApp Fale conosco